Fomos convidados para finalizar a trilogia iniciada pelo querido Hélio Heichbauer, meu mestre, falecido um ano antes deste show, que havia realizado os dois primeiros, Marítimo e Maré. Não foi tão simples chegar à solução final de Margem, considerando a relação que Adriana tinha com Helio e a referência estética que, anteriormente, já guiava os dois primeiros shows. Além disso, este cenário precisava ser leve, 45kg que caberiam dentro de uma mala de viagem, e também recebemos a indicação expressa de não gerar lixo.

Com um único nó de marinheiro amarramos 300m de tecido azul, no alto, do lado esquerdo do palco: assim surgiu uma grande onda. No piso, 16m x 3m de um tapete comprido margeavam os músicos em uma faixa estreita, uma margem mesmo, onde a grande onda quebrava. Ao fundo, o branco do cliclorama permitia que a iluminação trouxesse amanhecer, entardecer e os climas e nuances das canções.

Foi desafiador, mas conseguimos abraçar esta trilogia, observando com carinho sua trajetória anterior, e criando, com delicadeza, um olhar singular para sua terceira e última parte.